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terça-feira, 27 de outubro de 2015

Uma tradição que não se adia… repete-se

Trabalho realizado por:
Gonçalo Teles
Joana Magalhães
Liliana Gonçalves
Leonardo Ramalho
Miguel Azinheira
Uma tradição que não se adia… repete-se

“E quem é o melhor pessoal? É o de Comunicação Social!”
Ouvem-se latas a bater no chão como chocalhos que guiam ao longo do caminho. Começou o Cortejo da Latada.
Envergando capa e batina, símbolo de igualdade, cada doutor encaminha o seu caloiro pelo trajeto que os guiará até às margens do Mondego onde serão batizados. Este ano, os fatos dos caloiros de Comunicação Social são diversificados – uns vestem-se de pacmans, outros de fantasminhas, uns de son goku, outros de deuses gregos – mas todos com uma característica em comum: uma perna azul e outra laranja, cores da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) – “Durante o cortejo desfilamos e exibimos os fatos que os nossos padrinhos fizeram para nós. Cantamos, com orgulho, o nosso hino de curso e o hino da ESEC. Invadimos fontes e molhamos os nossos fatos.” , disse Cátia Cardoso, estudante e caloira de Comunicação Social.
Entre muitos risos e esforço, os caloiros empurram o tradicional carrinho de supermercado ao longo da caminho enquanto, em conjunto com os seus doutores, cantam as músicas emblemáticas dos seus cursos e escolas. Os doutores dão a morder os seus nabos aos amigos, afilhados e familiares na esperança de ficarem apenas com a rama que, tal como manda a tradição, terão de atirar ao Mondego. O ambiente é de alegria, felicidade, e emoção – “No Cortejo podemos encontrar de tudo, é como uma loja dos 300, desde pessoas alegres devido à simbologia do evento bem como pessoas alegres por causa da presença do Deus Baco no seu corpo. Contudo o que mais encontramos é o espírito de familiaridade e de diversão que proporciona momentos únicos a quem vivencia o cortejo.”, conta-nos Ricardo Lomar, estudante do 3º ano de Comunicação Social.

             Imagem 1 - Caloiros durante a praxe                        Imagem 2- Tradição de morder os nabos

O dia torna-se longo quando o caminho se faz de forma lenta e pausada. A praça está cheia e é difícil passar entre as centenas de estudantes que se reunem nessa zona. Os cursos “guerrilham” entre sim cantando os seus hinos. Ao longo do percurso desde a praça  até às margens do  rio, os caloiros entram nas fontes fazendo jogos indicados pelos doutores que acabam por se juntar aos afilhados entrando com eles para a água – “Um dos melhores momentos do cortejo, para mim, foi ver os meus doutores e o meu padrinho entrarem também nas fontes, fez com que sentisse que, tal como eles disseram, estão do nosso lado e jamais contra nós e não há motivo para que nos sintamos humilhados, praxe não é, de todo, humilhação.” , diz Cátia.
 Imagens 3, 4 e 5 - Doutores e caloiros na fonte do Jardim da Manga

Muitos pais viajam até Coimbra para festejar este dia com os filhos. Os rostos de alguns pais mostram preocupação ao vê-los entrar nas fontes já de noite, outros riem-se sabendo que faz parte da festa.
O percurso continua agora pela baixa, o destino está mais próximo. Os pés já dóiem, os caloiros molhados têm frio e já se protegem com as capas dos seus padrinhos e madrinhas. No entanto, não são esses fatores que os demovem e, em conjunto, dão seguimento à sua festa.
Ao chegar ao Parque Verde e de seguida às docas do Mondego, o ambiente torna-se mais calmo, os doutores traçam as suas capas e o batismo começa – “Para mim o Cortejo da Festa das Latas é um misto de sensações e situações que definem o convívio estudantil. O "Batismo com a água do Mondego" é para mim o ponto alto do evento. É o momento em que os afilhados sentem através das palavras dos padrinhos aquilo que lhes espera nos próximos anos enquanto estudantes de Coimbra.”, afirma Ricardo.
Imagens 6 e 7 - Batismo nas margens do rio Mondego


Os penicos enchem-se, os doutores dizem algumas palavras aos afilhados, a água escorre pelas cabeças dos caloiros. Abraços, lágrimas e muita emoção descrevem o momento final do cortejo da Latada – “O dia termina com o batismo em que as palavras de quem nos batiza valem mais que tudo. Para quem está de fora, vê os estudantes de Coimbra desfilar, cantar e gritar, mas nós sentimos cada minuto e isso é inexplicável.” , afirma Cátia com emoção. De novo ao som dos seus hinos de curso, os doutores atiram a rama dos seus nabos ao Mondego e o percurso fica concluído: foi mais um cortejo da Latada.

O Cortejo da Latada insere-se na Festa das Latas e Imposição de Insignías. Esta festa tem origens no século XIX, apesar do formato atual ter nascido nos anos 50/60, e tem como principal objetivo festejar o início das atividades letivas e dar as boas vindas ao novos alunos – os caloiros.
Atualmente a festa inicia-se com a Serenata da Latada, onde são interpretados os fados estudantis de Coimbra, e prolonga-se por cinco dias de atuações musicais no recinto da Latada – Queimódromo. O culminar da festa é o cortejo, onde os caloiros desfilam com os fatos que os seus padrinhos fizeram. A compra de nabos e a entrada nas fontes é mais uma tradição do cortejo que acaba com o famoso batismo dos caloiros no Mondego.  “O cortejo, que culmina com o batismo no Mondego, é talvez o nosso primeiro grande momento nesta cidade tão especial.” , diz Cátia.
Este ano, 2015, devido às más condições atmosféricas e à emissão de um alerta amarelo por parte da Proteção Civil o cortejo da Latada que estava marcado para o dia 18  de Outubro foi adiado para o dia 25. Ainda assim, no dia 18 parte dos estudantes saíram na mesma à rua celebrando o dia. No dia 25 os estudantes voltaram a juntar-se para festejar o dia oficial do cortejo.
Numa cidade onde reina a tradição, as capas negras voltaram a sair para a relembrar e, desta vez, em dose dupla.
Fantástico é a palavra ideal para o caracterizar.”, afirma Ricardo.

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