Páginas

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Longe do lar, perto do sonho

Estar longe de casa é afastarmo-nos de uma parte de nós


Jéssica Bárbara, 21 anos, nascida na Madeira. O desafio começou há três anos atrás, juntamente com a sua candidatura ao ensino superior. A cerca de 1000km do seu lar, é agora Coimbra quem a acolhe. Apesar da saída do arquipélago para o continente ter sido desde sempre a sua vontade, esta decisão trouxe consigo vários obstáculos, bem como grandes conquistas.

A conclusão do ensino secundário é, para muitos jovens, sinónimo de ingresso no ensino superior. Jéssica traz-nos o seu testemunho, relatando tudo aquilo por que passou com esta mudança.
Esta experiência começou com a sua entrada no Instituto Superior de Comunicação Social, em Lisboa. O que a estudante mais temia acabou por acontecer e, tal como nos conta, “nunca tinha andado de avião, nem conhecia Lisboa, onde fiquei colocada na primeira fase. O sentimento que mais pairava era o medo. Também receava ser mal acolhida pelos meus novos colegas.Habituada a um ambiente mais acolhedor, a capital acabou por não corresponder às suas expectativas, sentindo-se desintegrada e desconfortável.
Com um espírito pouco conformista, a jovem madeirense sentiu necessidade de voltar a mudar. A sua vontade de encontrar uma realidade com a qual se identificasse, fê-la arriscar. “Candidatei-me à segunda fase e fui parar a Coimbra. A grande dificuldade foi, novamente, passar pelo mesmo processo do “ desconhecido” e por estar a chegar a uma nova cidade sozinha”. O curso de Comunicação Social na Escola Superior de Educação de Coimbra foi a sua escolha final.
É graças a esta cidade e a tudo o que esta lhe proporcionou, que a estudante se sente hoje mais madura e independente do que no dia em que aqui chegou. Contudo, é difícil conjugar as duas realidades. Se em Coimbra conseguiu alcançar a estabilidade académica e social, a verdade é que cada vez lhe custa mais deixar para trás a sua terra natal. “Desde do início que lido bem com a distância, na minha opinião. Mas há uma dificuldade com que confronto todas as vezes que volto para Coimbra, que é a de ser cada vez mais difícil deixar as pessoas mais importantes da minha vida. Isto deve acontecer pelo facto desta cidade já não ser a cidade desconhecida.
Prestes a concluir a sua licenciatura, Jéssica Bárbara conhece de forma íntima o sentimento que é a distância. Confessa-nos que esta é uma batalha de vitórias e derrotas. Na sua óptica, a distância tem um lado positivo, “se calhar porque o facto de estarmos longe coloca-nos numa posição de maior responsabilidade e reflexão sobre o que queremos fazer para estarmos tão longe de casa. Sair da nossa zona de conforto traz muitos benefícios a nível pessoal e profissional por estarmos sempre a aprender”.
Negativamente, o que lhe é mais doloroso é “estar longe da família e faltarmos aos momentos importantes dessas mesmas pessoas”. Contudo “há sempre vontade de voltar porque como diz Michael John Bobak,“Todo progresso acontece fora da zona de conforto.”
A futura jornalista deixa-nos com uma citação de Charles Darwin - “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente. Quem sobrevive é o mais disposto à mudança.”
Em suma, a vida de universitário reflecte-se num balançar entre o alcance dos nossos sonhos e em deixar para trás aqueles que nos permitem sonhar.























 Grupo 9 - Reportagem e Fotoreportagem
Rita Rosa
Fábia Cortinhas
Inês Santos

Sem comentários:

Enviar um comentário